segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Faltas de professores a exames nacionais

Eu podia escrever muito sobre o assunto, mas alguém já o fez.

Está tudo aqui:


https://forum.motorguia.net/off-topic/29865-o-atestado-medico.html


Boa leitura!

 

 



sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

A escola desconhecida


Todos nós andámos na escola. Todos nós temos ideias sobre como é que a escola deveria ser e, muitas vezes, não é… Muita gente opina mas poucos são os que conhecem a realidade, pensando que por ter ouvido uma história contada por um aluno e generalizando ou porque em 1999 se construiu um bloco de salas novo, essa é a realidade. Eu estou na escola desde 1984 (façam as contas): primeiro como aluno e depois, desde 2001, como professor. Não tenho pretensões de escrever um tratado de pedagogia ou tão pouco de política de gestão escolar, mas tendo um cadastro tão longo na educação, tenho refletido sobre a escola, como ela é e como considero que deveria ser.
Vou primeiro dedicar alguns parágrafos aos professores, aqueles são muitas vezes tidos como a coluna vertebral do sistema educativo.
No grande grupo dos professores (daqueles que fui conhecendo ao longo da minha travessia) há um pouco de tudo: bons, maus e uns quantos com molho vilão. Conheço muitos trabalhadores, cumpridores e empenhados na sua atuação junto dos alunos, mas também sei que existem muitos mais que não fazem e que não deixam fazer. Já fui gozado e humilhado em diversas ocasiões por trabalhar, por fazer muito mais do que me era exigido, ou seja, tentei fazer parte dos professores que trabalham e mostram que trabalham.
Com o tempo, no entanto, fui escondendo o meu trabalho; passei a atrasar propositadamente a entrega de relatórios e papéis até ao limite dos prazos, muitas vezes “passei a bola” para outros que glorifiquei como sendo mais capazes do que eu, enfim um três vírgula zero por uma linha, para passar mais ou menos despercebido.
Nem sempre foi possível isso, lembro-me de uma senhora que sendo chefe (professora do quadro mas pouco) delegou em mim uma série de funções com a justificação que eu tenho um dom! E ela baldava-se. E todos os outros professores da equipa baldavam-se! Vida de contratado é dose…
O reverso da medalha não é propriamente lá muito agradável: para um grande grupo de professores que fui conhecendo, eu não tenho grande coisa a acrescentar ao ensino; aliás, segundo eles, eu nunca deveria ter vindo para o ensino, por um grande número de razões que só a mim dizem respeito e, como este texto não é sobre esses assuntos, vou deixar esse canto de cisne para outra altura.
Os professores baldam-se a tudo um pouco e, às vezes, muito!
A primeira responsabilidade de um professor é para com os seus alunos. Se um profissional do ensino não cumpre com os seus alunos, então mais vale sair do sistema!
Se isso acontecesse, bem… 
A palavra hecatombe usada para descrever o que sucederia, peca por defeito.
Tenho de fazer aqui o mea culpa, pois, em diversas situações, eu apenas cumpri o mínimo exigido, sem me preocupar se era o melhor para os alunos.
Gente que não cumpre há em várias modalidades: os que não fazem ponto; os que fazem às vezes (uma ficha, um powerpoint, um teste…); os que fazem e que quando acham que já é de mais, preenchem um papel e passam para outro… Nesta última categoria, eu incluo-me a mim próprio. Conheço uns quantos que, em momentos de avaliação de desempenho, até se propuseram para serem avaliados com “Excelente”! E obtiveram-no! 
Para quem não sabe, a Avaliação de Desempenho Docente é uma anedota.
O professor auto-avalia o seu desempenho e, se estiver nas boas graças de quem manda (coordenador de departamento, elemento do Conselho Executivo responsável pela avaliação e/ou professores integrantes da Comissão de Avaliação), é tudo muito bom; agora, se o professor tiver alguma querela com alguém que manda…
Enquanto contratado (há 17 anos…) tentei não levantar muitas ondas com quem manda. Mais vale passar por tolo do que ser lixado por ser esperto. Já me meti em encrencas desnecessariamente, mas, por uma razão ou por outra, sempre fui escapando ao carrasco e salvei o pescoço.

É fundamental rever a avaliação de desempenho dos docentes!
Os critérios de avaliação são obtusos, quando se pretende aplicar os mesmos critérios a um professor que é diretor de turma e a outro que não é ou se exige a realização de visitas de estudo a professores de Música e a professores de História. Para estes últimos nem sempre será fácil mas para os de Música quais são as opções? Visitar a filarmónica da terra? Ou o coro da igreja durante a missa?

É urgente avaliar o estado do sistema educativo
Escolas existem um pouco por todo o lado. E em que estado estão? Tenho circulado por muitas escolas de várias ilhas, conheço umas quantas! E sei que por muito más que sejam as condições, as pessoas amanham-se… Gente acomodada é o grande problema desta sociedade, os “carneirinhos” de que tanto gostam os políticos.
Falta um pouco de tudo em todo o lado e, em muitos sítios, muito!
Cantinas, salas de convívio, casas de banho, balneários, ginásios, mobiliário, janelas, portas… até salas! Já agora, substituir os telhados que ainda têm telhas com amianto, provavelmente era boa ideia pôr em prática.
E o material informático? E uma rede de internet que suporte o imenso tráfego gerado por todos os equipamentos a ela ligados?
As escolas não têm as condições exigidas para o desenvolvimento de atividades no século XXI!
A sociedade mudou. A escola ainda está no século XIX...

O ano letivo devia estar dividido em dois semestres!
Acabava-se logo com essa bandalheira da avaliação contínua e do três mais três já não pode dar dois no final do ano! Os alunos têm de cumprir o ano todo e não apenas para levantar negativas.

O 2º ciclo não faz sentido atualmente!
No 1º ciclo os alunos têm 4 ou cinco professores diferentes (o titular, responsável por Português, Matemática e Estudo do Meio, o professor de Inglês, o professor de Educação Física e o de Música, pelo menos), não pode servir de justificação a existência de um ciclo porque os alunos passam de ter apenas um professor para terem muitos.

Os ciclos têm de ser reorganizados!
O Jardim de Infância é fundamental para o desenvolvimento da criança, tem de ser contabilizado com um ciclo, com objetivos claros e com metas a atingir. Se acaba aos 5 ou aos 6 anos (ou aos 7 ou aos 8…) têm de ser os especialistas da área a pronunciar-se. Sim, há especialistas em pedagogia e desenvolvimento para crianças até aos 5 anos!
Os outros ciclos têm de ser reformulados: dois ciclos de 6 anos, três ciclos de 4 anos, um ciclo de 5, um ciclo de 4 e um ciclo de 3 anos. Como acharem melhor os especialistas!

Os exames finais do ensino secundário têm de passar para a alçada das universidades e dos seus professores!
Os exames do ensino secundário servem para classificar os alunos no acesso ao ensino superior, então, terão de ser os professores do ensino superior a elaborá-los e a corrigi-los.

Fazem falta nas escolas psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros….
A escola não é só para professores e contínuos (já agora, há muito tempo que se deixou de lhes chamar contínuos; passou-se a chamar-lhes “auxiliares” mas a designação mais acertada será “assistente operacional”). Os alunos precisam de outro tipo de apoio que os professores e os funcionários não conseguem dar. São precisos com urgência mais psicólogos, daqueles clínicos mesmo! São precisos enfermeiros, para observar e avaliar certas situações em que os professores não podem emitir parecer. São precisos assistentes sociais para fazer a ligação com as famílias, trazer os encarregados de educação à escola ou ir a casa dos alunos! Se estes profissionais estiverem disponíveis também para professores e funcionários, melhor! Há muito adulto na escola a trabalhar a precisar de ajuda, tanto ou mais do que os alunos...

Não se pode legislar o bom senso. Pode-se martelar bom senso nas cabeças dos idiotas que mandam? Como?

(pormenor da) Pintura de Pieter Bruegel - "O triunfo da morte" 

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Um furto, uma vala e todos sacodem a água do capote

Há já algumas semanas que decorre na rua onde habito uma série de trabalhos de uma suposta intervenção para a instalação de saneamento básico. Até aqui nada de muito relevante, mas como toda a gente sabe, estas intervençóes geram sempre mau estar junto da população. Eu já sabia que a dada altura, ia sobrar para mim alguma coisa. A Câmara Municipal da Ribeira Grande também devia saber isso, para mais quando há eleições daqui a um mês.
Os trabalhos foram decorrendo sem grandes transtornos para mim, também porque em agosto não há grande stress. Mas outros, transeuntes e moradores, foram-se queixando, ora de uma cova, ora de um corte no abastecimento de água…
Um dia, vou sair de casa e noto que há um pequeno sulco no chão, logo à saída do portão. Não percebi o que era, mas reparando melhor, apercebi-me que era um sulco para fazer a ligação da água pública… excepto num pequeno pormenor: a água não chega ao contador vinda daquele lado! O sulco não me incomoda sobremaneira e, à laia de anedota, tirei umas fotos ao sulco para mostrar a azelhice de quem o fez.
Mais alguns dias passaram e, na semana passada, foi feita uma grande vala. Eu pensei cá para mim que aí é que iam começar os problemas. Mas não, todos os dias eles abriam a vala e ao final do dia voltavam a fechá-la. Até que um dia a deixaram aberta. Mas ainda assim não notei que tivesse acontecido nada de relevante.
Ontem, cheguei a casa por volta das dezassete horas e alguns trabalhadores encontravam-se ainda na obra. A vala ocupava meia faixa de rodagem. Coloquei o meu carro na garagem, com algum custo, mas consegui.
Hoje, sexta-feira, um de setembro de dois mil e dezassete, estava eu em casa, um pouco antes das onze da manhã, ouvi o barulho de água a correr de uma fonte no quintal da casa onde habito. Fui ver o que se passava e encontrei um trabalhador da obra aos saltos na latada da vinha a apanhar uvas. A fonte lá ao fundo do quintal estava fechada, mas o chão estava molhado. 
Desatei aos berros com o imbecil, perguntei-lhe se ele achava que aquilo estava bem, ele entrar no quintal de alguém e pôr-se a apanhar uvas; ameacei-o com uma chamada da PSP, ao que o infeliz respondeu que tinha ido experimentar a água, porque, segundo ele no contador não dava para perceber se eu tinha água em casa ou não e saiu para a rua. Não se desculpou pelo furto das uvas, apenas retirou-se para a rua. Pensava ele que eu ia deixar isto ficar por ali.
Nesse momento em que ele saiu, ao abrir o portão, eu vi a vala. A vala tinha atravessado do lado da rua onde estava ontem e agora chegava ao meu portão. Eu não podia tirar o meu carro de casa, eu não podia ir a lado nenhum com o meu carro. Eu precisava de ir hoje à Ribeira Grande.
Voltei para dentro de casa, telefonei para a Câmara Municipal (às 11:06). Encaminharam-me a chamada para uma sra. Engenheira, mas ela estava em reunião e pediram-me para aguardar, que após a reunião entravam em contacto comigo. Aguardei. Nada!
Resolvi tentar outra via. Há já algum tempo que ouço dizer que o presidente da Câmara está muito atento às redes sociais. Mandei-lhe uma mensagem através do facebook (às 11:51), onde lhe expus o sucedido e exigi a presença de alguém responsável pela obra, para resolvermos a situação, no decorrer do dia de hoje ou ia divulgar a situação nas redes sociais.
Nada! Mas decidi aguardar, até porque era quase hora de almoço.
Após a hora de almoço (às 14:05), voltei atelefonar para a Câmara. Finalmente foi possível falar com a sra. engenheira, mas de pouco adiantou: os funcionários da obra não são da Càmara; o fiscal da obra (esse sim, da Câmara) esteve na obra e ia voltar para a obra; que havia um edital que lhes permitia cortar o fluxo do trânsito automóvel; que alguém da empresa em causa ia entrar em contacto comigo. A sra. pura e simplesmente estava-se nas tintas para mim, não mencionou nem uma vez o furto das uvas e estava apostada em não me deixar falar. Disse-lhe que não sabia que os funcionários não eram da Câmara e que ia tentar encontrar o tal fiscal, para resolver isto.
Chamei um táxi, pois a vala não ia a lado nenhum e eu não ia poder tirar o carro da garagem. Saí de casa, disse (aos berros) aos imbecis que estavam na rua que eles podiam entrar e mexer no contador da água. Do contador da água para dentro, qualquer pegada deles que eu encontrasse e eu ia à polícia. Perguntei, num tom de voz mais normal, se o fiscal da Câmara estava por ali. A resposta foi negativa. Segui pela rua e dei de caras com o idiota que tinha ido às uvas. Disse-lhe que eu não me esquecia e continuei.
A meio do caminho, apercebi-me que não tinha a carteira comigo. Voltei atrás, para casa. Estavam lá os mesmos de quando saí. Nenhum me dirigiu a palavra. Fui a casa, voltei a sair e fui para o táxi, para a Ribeira Grande. Estive na Ribeira Grande, a tratar do que tinha para tratar. 
Voltei, de táxi, por volta das dezassete. 
O funcionário que foi às uvas passou por mim e nem uma palavra, nem um simples pedido de desculpa. Estava lá um outro a falar ao telemóvel, mas não me disse nada.
Cheguei a casa. Tanto quanto me foi dado a perceber, estava tudo como quando saí. Telefonei para a empresa (às 17:13) e fui atendido por um indivíduo que não se identificou, mas pediu-me para ligar um pouco mais tarde porque ele estava ocupado a processar ordenados… Aguardei. Recebi uma chamada de um telemóvel (às 17:38), atendi e era o mesmo indivíduo da empresa. A história é que era diferente. Expliquei-lhe o que tinha sucedido, o indivíduo ouviu e depois respondeu. Primeiro, queixou-se do meu tom. Como se alguém entrar-me no quintal e pôr-se a apanhar uvas fosse assunto para ficar feliz… Ou ficar com o carro preso na garagem por causa de uma vala fosse razão para grande regozijo… Depois, passou a dizer que eles tinham um edital, que lhes permitia interromper o trânsito automóvel (sobre o furto de uvas, nada!) e que se eu me tivesse dirigido aos funcionários, ele “garentia” que eles tinham dado um jeito à vala para eu sair com o carro. E que eles tinham um edital que lhes permitia interromper o trânsito automóvel (outra vez). Interrompi-o, dizendo que resolvi essa parte à minha maneira, e que não era preciso voltar a falar nessa situação. Perguntei-lhe sobre as uvas e a entrada abusiva do funcionário no quintal, mencionei invasão de propriedade privada e furto. Aqui é que a história se modificou e muito. Ele disse-me que tinha ouvido a minha parte e que ia apresentar-me a versão do funcionário. O funcionário entrou no jardim, bateu à porta e como eu não respondi, ele foi abrir a fonte para ver se eu tinha água (sobre as uvas, nada!). Não podia ficar calado: da entrada do portão, o caminho para a porta é para a esquerda, para as uvas é sempre em frente, até ao fundo do quintal e passa-se não por uma, mas por duas fontes de água, a primeira das quais fica a menos de um metro do contador, logo à direita de quem entra… 
O indivíduo ia recomeçar, cortei-lhe a palavra e disse-lhe que me tinha apercebido que não íamos chegar a lado nenhum. Eu ia apresentar queixa à polícia. E desliguei.
Fui procurar conselho legal. Tenho seis meses para apresentar queixa, posso fazê-la online e, apesar de saber que isto não vai dar em nada, ainda não me decidi se vou apresentar queixa ou não. Ainda vou dormir sobre o assunto.
Como prometi ao sr. Presidente da Câmara estou agora a divulgar o sucedido nas redes sociais, porque ninguém se dignou a vir falar comigo. Fui sempre eu que tentei falar com eles, fui eu que gastei dinheiro do meu bolso para me deslocar, fui eu que fui prejudicado.
Não divulgo o nome da empresa, mas também quem quiser saber, não precisa de investigar muito. Vou manter-me nesta posição até decidir o que vou fazer a seguir.

Para terminar, questiono. É esta a forma de atuação destas entidades em obras públicas? Sacudindo a água do capote e escusando-se a assumirem as suas responsabilidades?

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Escuteiros, o meu treinador de futebol e o Jornal 2 (que vai acabar)

Segunda-feira, 31 de julho de 2017
Ok, quero dizer em minha defesa que também não gosto de ciclistas. Mas como não estou em modo “Comme Restus”…
Não era isto que eu ia escrever, mas estou bêbado!
Vamos lá então.
Estava a ver o 360ª na RTP3, com Ana Lourenço, quando ela começa a apresentar uma peça sobre escoteiros ou escuteiros ou lá o que era. Mudei logo de canal, para a RTP 2, mas estou a adiantar-me.
Porque é que mudei de canal?
Não gosto de escuteiros. Não gosto mesmo!
Vou continuar por aí. Durante muito tempo os escuteiros foram-me indiferentes. Até que aconteceram duas coisas: um familiar meu foi para os escuteiros (por iniciativa dos pais) e eu li na net a melhor definição de escuteiros que alguma vez foi escrita. Transcrevo-a (como me lembro dela) a seguir.

Escuteiros – grupo de meninos vestidos de parvos, liderados por um parvo vestido de menino.

Boom!
E foi a partir daqui que todas as minhas estórias sobre escuteiros voltaram à superfície e desde então, eu detesto-os. Outra vez…
Vou explicar.
No final dos anos 80, magoei-me e fui ao médico. Eu sou gordo, na altura já era gordo e provavelemente vou ser sempre gordo. O médico sugeriu à minha mãe que eu praticasse um desporto, talvez o hóquei, novidade na Ribeira Grande na altura, ou então ir para os escuteiros. Eu jogava futebol… Bem, mais ou menos, pelo menos… Estou mesmo a ver o meu pai a ir todos os sábados levar-me aos escuteiros. Pois, não aconteceu… E ainda bem, acho eu.
E agora vou explicar porque é que não gosto de escuteiros: ouvi estórias escabrosas (em segunda mão) sobre as atividades desenvolvidas pelos escuteiros. De todas, a que me fez mais impressão, foi a do enforcamento de cães, numa mata não muito longe da casa dos meus pais. Não gosto de escuteiros! Sim, a estória que mais me impressionou foi esta porque, no final dos anos 80, eram comuns as de violações de crianças por tipos mais velhos… E nos escuteiros havia dessas em barda… Ainda bem que não fui para os escuteiros...
Ah, o futebol! Na altura em que fui ao médico, eu jogava futebol no Clube Desportivo de Santa Bárbara, ou pelo menos, na tentativa de restabelecer a atividade do clube de futebol, no final dos anos 80. O treinador não gostava de mim… (O treinador treina a dor! Aaaaaaahhhh tão bom!) O treinador, apesar de ser meu primo, punha-me a lateral esquerdo, porque não gostava de mim. Esse treinador faleceu há dois dias…
Mudei de canal para a RTP 2, onde estava a dar o Jornal 2 com a Estela Machado. 
Fui ao twitter ver se havia atividade sobre o Jornal 2 ou a Estela Machado. Nada!
O Jornal 2 deve estar para acabar...


sábado, 8 de julho de 2017

Exames, "Independence Day" e Rallye dos Açores 97



Fez estes dias 20 anos que fiz os meus exames do secundário. Tenho algum pejo em sentir pena dos meninos e meninas que fazem exames nos dias de hoje. Os mais pequenitos é quase impossível chumbarem, basta fazerem o mínimo. Os do secundário fazem dois exames no 11º ano e mais dois no 12º ano. Para os ajudar, têm à sua disposição uma coleção enorme de exames e testes intermédios, com correção; têm aulas de apoio com os professores das disciplinas; no mercado editorial, há um manancial de livros de apoio com exercícios (nem vou referir as fugas de informação sobre conteúdos dos exames). É duro?! Provavelmente. Mas é para quem quer!
Não vou cair no lugar comum de dizer que no meu tempo é que era... Vou antes explicar porquê.
Quando fiz o secundário, entre 1994 e 1997, estávamos no período da grande reforma sofrida por este ciclo de ensino. Passou-se da modalidade em que os alunos do 12º ano tinham apenas três disciplinas, para aquilo que eu tive, que foram sete disciplinas: a específica da área, três de opção na área, Português, Educação Física e uma disciplina da componente de formação técnica. Isto é muito semelhante ao que os alunos do 12º ano têm hoje, eles só não têm esta última, a da componente de formação técnica.
Vamos então às diferenças.
Ao contrário do que acontece hoje, no final do 10º e 11º anos fizemos “Provas Globais” a todas as disciplinas. Todas. Os miúdos hoje não podem fazer estas provas, porque como a escolaridade é até aos 18 anos, isto iria gerar uma grande insucesso e depois eles iriam abandonar os estudos aos 18 anos sem completar o secundário... De que serve completar o secundário com tanto facilitismo?
Não queria que isto fosse entendido como um louvor aos exames e ao paradigma métrico no ensino, mas a necessidade aguça o engenho. Estes miúdos não desenvolvem caraterísticas que poderiam ser muito valiosas para o mercado de trabalho. O mundo mudou, o ensino ainda está no século XIX.
No final do 12º ano fiz (eu e todos os outros) cinco exames! Sim, cinco exames: Português, a específica da área e as três disciplinas de opção. No meu caso fiz exame de Português, Matemática, Física, Geologia e Desenho e Geometria Descritiva. Cinco exames! Foi duro, foi muito duro.
Do que me lembro melhor desse tempo foi o último exame: Desenho e Geometria Descritiva. Já estávamos em julho, já tínhamos feito quatro exames, já não havia mais nada para espremer dos nossos cérebros. Estávamos todos estourados.
O exame estava marcado para uma quarta-feira, à tarde... O fim de semana antes foi de festa das Cavalhadas de São Pedro na Ribeira Seca, mas ficou combinado que nos iríamos reunir na segunda à tarde para estudar para DGD. Mentira, fomos todos para o cinema ver o “Independence Day” original. Na terça-feira, eu fui ver os treinos livres para o rallye na Chã do Rego d’Água e voltei para casa encardido e vermelho de ter estado tanto tempo ao sol. Na quarta-feira de manhã, lá peguei no caderno da disciplina e lá “estudei” qualquer coisa.
Não me lembro do meu estado de espírito antes do exame, mas lembro-me que nos tinha sido recomendado usar três lápis de mina diferentes: 0,3 mm, 0,5 mm e 0,7 mm. Eu usava nas aulas uma 05 e uma 07, mas a 03 era qualquer coisa estúpida. As minas eram finas e frágeis, aquilo não tinha muito jeito. No entanto, eu “tinha” uma. Não era minha, mas na coleção de esferográficas do meu pai havia uma. E eu sabia que ela estava lá. Levei-a para o exame. Usei-a.
No fim do exame, a sensação de dever cumprido, do peso que saiu de cima dos ombros foi marcante. Mais, nesse exame foi a última vez que estive em contato com pessoas que, não sendo meus amigos atualmente, foram os meus e as minhas colegas de turma durante esse ano duro e díficil para mim. 
Mas aquilo que ficou mesmo marcado na minha mente foi o resultado. Não tenho de me esforçar para me lembrar desses três algarismos. Há vinte anos atrás, numa quarta-feira à tarde, eu rocei a perfeição com a minha lapiseira 03. Fiquei atordoado quando vi os números na pauta. Ainda hoje tenho alguma dificuldade em acreditar neste número: cento e noventa e sete pontos...

sábado, 1 de julho de 2017

A direita e a esquerda

Há algum tempo atrás fiz uma formação sobre segurança, em particular nas escolas, com Alberto Peixoto. Sei que atualmente, este senhor não é muito bem quisto na sociedade micaelense. As trapalhadas laborais em que ele se envolveu parecem mal e, como ainda não passou tempo suficiente para o esquecimento coletivo das ações que lhe são imputadas, o nome dele e a sua figura pública estão “na prateleira”.
Mas não é por isso que escrevo . Durante essa formação, ele colocou uma questão a que nós, um grupo de professores de vários níveis de ensino, tivemos muita dificuldade em responder claramente. A pergunta foi “O que distingue a direita da esquerda em termos políticos?”. Andámos lá a patinar, a tentar racionalizar, falando da parte social e da economia, mas sem grande consenso e sem nunca atingir uma base de argumentos sólidos que defendessem as diferentes posições manifestadas e, por isso, nunca ficámos satisfeitos.
Após muita patinagem da nossa parte, ele lá acabou com o nosso sofrimento. Segundo ele e, baseando-se na sua experiência enquanto agente de autoridade, a diferença entre um juíz de esquerda e um de direita é que, o de esquerda quando analisa uma situação de um crime, leva em linha de conta o contexto onde vivia o arguido e muitas vezes atenua o preço que este deve pagar à sociedade pelos seus actos, enquanto um de direita apenas leva em linha de conta o acto, independentemente do contexto sócio-económico de proveniência do indivíduo. Ou pelo menos, é assim que me lembro de terem ficado as coisas na altura. Isto de atribuir afirmações a outros é sempre ingrato para ambos, para quem disse e para quem está a repetir...
Pegando nessa premissa, em que os actos de um indivíduo são consequência do meio em que ele se encontra inserido para a esquerda e são apenas atribuíveis a esse mesmo indivíduo para a direita, então pode-se ir um pouco mais longe neste caminho e dizer que a esquerda valoriza mais a sociedade, o conjunto de todos nós, e a sua influência nos actos de cada um, enquanto a direita considera mais importante que cada faça a sua parte, sendo essa parte, o que for melhor individualmente para cada um, de modo a que, no somatório dessas acções, a sociedade se mantenha saudável.
Ora, assim sendo, então a direita é individualista e a esquerda é socialista.
Parece simples, mas a partir daqui é que surgem as complicações...
Se for assim, pode-se ser de direita e democrata? Como?
E a esquerda defendendo a pluralidade dos elementos da sociedade, como pode continuar a querer funcionar com um chefe por departamento, que manda num conjunto de cidadãos e que por sua vez obedece a um outro chefe, até chegarmos a um chefe supremo?
Vamos por aí fora até chegarmos às antíteses supremas:

Porque é que os cristãos católicos são de direita?

Como é que a esquerda encaixa nas suas reinvidicações a liberalização do consumo de substâncias psicoativas?

quarta-feira, 5 de abril de 2017

TSF Desporto


Ouvi agora há pouco a rúbrica TSF Desporto. Foi dominada pelo jogo de logo entre o Benfica e o Estoril. Desde que começou que aquilo me fez muita impressão. Para mais sendo a TSF... Hesitei muito antes de começar a escrever, por causa disso mesmo: é a TSF! A TSF é uma referência, pelo menos para mim, no sector da comunicação social. E estar a escrever isto, poderá vir a causar dano a esta instituição. Os dois visitantes habituais deste blog vão disseminar o ódio por causa do que vou escrever. Ah espera, este blog tem menos actividade do que um cadáver da semana passada...
Por isso aqui vai: fez-me muita confusão a TSF estar a veicular opiniões de indivíduos, dando com adquirido que o Benfica vai defrontar o Guimarães na final da Taça de Portugal. Mas mesmo. O Benfica tem como símbolo a águia e não o galo. No Benfica não se canta de galo. Quem o fizer, vai-se dar mal, basta ver os exemplos da história do nosso clube. Ganha-se com trabalho, jogando à bola. Quando são as camisas que jogam, o Benfica não ganha... Querem lembrar o jogo com o Moreirense para a Taça da Liga? Acho que não. Querem fazer o mesmo que os adeptos de um certo clube fizeram antesdo seu jogo, e, logo após o nosso empate com o Paços? Espero que não seja esse o vosso objectivo...
É uma grande falta de respeito para com o nosso adversário. O Estoril tem uma boa equipa e tem vindo a melhorar. O jogo ainda não aconteceu. Muita coisa pode acontecer durante 90 minutos. Apesar do resultado da 1ª mão ser 2 a 1 favorável ao Benfica...
Espero estar enganado. Espero que o Benfica ganhe e esteja no Jamor no final de Maio. E que a TSF se deixe de tretas e volte ao nível de rigor e seriedade a que estou habituado.